DAS RUAS PARA OS SHOPPINGS POPULARES: o empreendedorismo informal no discurso dos camelôs e da Prefeitura de Belo Horizonte
Palavras-chave:
Empreendedorismo, Empreendedorismo informal, Ralé brasileira, Shoppings popularesResumo
Este artigo teve por objetivo estudar como o empreendedorismo informal é retratado no discurso oficial representativo da Prefeitura de Belo Horizonte e dos camelôs que atuam nesta cidade, por ocasião da remoção desses camelôs, pelo poder público municipal, das ruas para os shoppings populares, em consequência de um projeto de “limpeza” do espaço público e sua ressignificação como espaço de convivência. O estudo baseou-se nas teorias sociológicas sobre a “ralé brasileira” e nos estudos do empreendedorismo enquanto meio de sobrevivência e oportunidade de negócio. Os dados analisados são secundários e foram retirados do relatório final da pesquisa “Transformações Identitárias e Estratégicas na Mudança do Espaço Físico e Simbólico: de Gestores Familiares da Economia Informal a Lojistas de Shoppings Populares”, realizada por Carrieri (2007), e dos Anais da II Conferência Municipal de Política Urbana (CMPU, 2002), promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte. Utilizou-se a Análise Francesa do Discurso como técnica de análise dos dados. Concluiu-se que a transferência compulsória dos camelôs das ruas para os novos espaços comerciais atenderam a interesses públicos e empresariais, que se viam prejudicados pela atividade empreendedora informal. Por outro lado, ao serem obrigados a se reposicionarem como lojistas, os camelôs tiveram de assumir novos compromissos e responsabilidades frente à atividade empreendedora e apreender a explorar seus negócios em um novo ambiente e contexto.