POR QUE FALAR SOBRE RAÇA NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS NO BRASIL? DA DISCUSSÃO BIOLÓGICA À DIMENSÃO POLÍTICA
Palavras-chave:
Raça, relações raciais, negros, estudos organizacionais, BrasilResumo
O objetivo deste artigo é realizar uma abordagem acerca da importância de se discutir o conceito de raça nos Estudos Organizacionais no Brasil. Em que pese que raça seja um conceito combatido em termos biológicos, pois se defende que todos os seres humanos compõem única raça, apresentamos, com base em uma perspectiva pós-estruturalista, a relevância de não silenciamento desse conceito nas análises sociais visto que, do ponto de vista discursivo, o conceito de raça é um fenômeno social que ainda justifica segregação e desigualdades em nossa sociedade. Com efeito, silenciar o termo raça é silenciar o conjunto de produções sociais em que ele está envolvido. Para o desenvolvimento deste argumento, inicialmente, apresentamos um debate sobre a construção das relações raciais no Brasil, destacando a construção sócio histórica deste termo nas Ciências Sociais. A seguir, justificamos a relevância de utilização do conceito de raça nas análises sociais, mesmo havendo outros conceitos disponíveis e tratados como alternativos, como modo de invocar sentidos simbólicos de classificação de sujeitos/grupos e ainda guardar relações com desigualdades estruturais, pois é precisamente para estes efeitos de produção do conceito de raça que se pretende chamar a atenção. Como contribuição aos Estudos Organizacionais, destacamos a utilização do termo raça como base de análise das organizações, visto sua relevância para compreensão de constituição das relações sociais e de trabalho nos espaços organizacionais, possibilitando desconstruir mitos sobre diversidade nas organizações.
WHY TALK ABOUT RACES ON ORGANIZATIONAL STUDIES IN BRAZIL? FROM BIOLOGICAL DISCUSSION TO POLITICS DIMENSION
ABSTRACT
The purpose of this paper is to present discuss the importance of discussing the concept of race in Organizational Studies of Brazil. Despite that race is a concept fought in biological terms, as it is argued that all human beings make up only race, we present, based on a poststructuralist perspective, the importance of not silencing this concept in social analysis since the discursive point of view, the concept of race is a social phenomenon that still justify segregation and inequalities in our society. Indeed, silence the term race is to mute the set of social productions in which it is involved. To develop this argument, initially, we present a discussion on the construction of race relations in Brazil, highlighting the socio-historical construction of this term in the social sciences. Next, we justify the relevance of using the concept of race in social analysis, even with other concepts available and treated as alternative, as a way to invoke symbolic meanings of subject classification/groups and still keep relations with structural inequalities, it is precisely for these production effects of the race concept that is intended to draw attention. As a contribution to organizational studies, we highlight the use of the term race as a basis for analysis of organizations, as its relevance to understanding the constitution of social and labor relations in the organizational spaces, allowing deconstructing myths about diversity in organizations.